segunda-feira, 2 de junho de 2014

Silenciado pela Maioria



Quem não tem medo do isolamento que atire a primeira pedra. Numa sociedade contemporânea a opinião pública tem o poder em suas mãos, onde controla e manipula as decisões dos indivíduos. A espiral do silêncio é uma teoria que explica essa realidade.

Desenvolvida pela politóloga alemã Elisabeth Noelle-Neumann, a teoria tem como idéia central a possibilidade de que os indivíduos sociais possam ser isolados de seus grupos de convívio caso exprimam publicamente opiniões contrarias daquelas que o grupo julgue como opiniões dominantes. Isso significa dizer que em uma opinião individual diferente da maioria ou do pensamento coletivo pode influenciar um isolamento social do individuo. Nesse caso, as pessoas praticamente são obrigadas a mudar a sua forma de pensar ou são silenciadas, temendo a rejeição das pessoas e o seu afastamento do convívio social.

Hoje é tendência acompanhar a opinião das pessoas. E se a opinião pessoal do sujeito coincide com a da maioria é melhor ainda, pois ele ganha força e se sente no direto de participar e expor publicamente os seus pontos de vista. Diferente dos que tem idéias contrarias, que são silenciados.

Na família, no trabalho, na escola e nos grupos de amigos é comum essa teoria acontecer, só que de uma forma menos inofensiva. Por outro lado, os meios de comunicação vieram de forma indireta representar essa opinião pública, pois além de nos dizer o que pensar, eles também nos mostram o que é que todos os outros indivíduos estão pensando. Dessa forma, os meios acabam criando uma verdade, e faz a sociedade acreditar nessa verdade. Já os que são contra a essa suposta verdade permanecem calados por medo da rejeição.

O excesso de exposição de determinados temas na mídia, a forma semelhante como as noticias são produzidas e veiculadas, e a presença da mídia em todos os lugares são os três mecanismos descritos por Noelle-Neuman que influencia a mídia sobre o público.

A televisão pode ser considerada uma arma concentrada nas mãos de poderosos. Um exemplo que confirma essa afirmação foi à campanha eleitoral de Fernando Collor de Mello à presidência da República, em 1989, um candidato até então desconhecido da maioria dos brasileiros e que ascendeu rapidamente à presidência da República através de uma boa estratégia de comunicação e marketing eleitoral.

A TV Globo teve um importante papel nessa eleição, pois manipulou o debate entre Lula X Collor, para detonar Lula e favorecer Collor. Já que no telejornal da hora do almoço, haviam feito uma edição equilibrada. E mais tarde, no Jornal Nacional, houve instruções para mudar tudo e detonaram Lula. Escolheram os piores momentos de Lula e os melhores de Collor. Ainda publicaram pesquisas por telefone dizendo que Collor havia vencido. Dessa forma, a população acabou sendo convencida e induzida a votar em quem iria ganhar, no caso, Collor de Mello.

O perigo está dentro de nossas casas. Não se cale e nem tenha medo dos meios de comunicação, use a informação a seu favor. Construa e defenda a sua opinião.
Gilvane de Sousa
3° Semestre - Comunicação Social/Jornalismo

Sua opinião importa mais

            O mundo em que vivemos está baseado numa cultura de poder... do que prevalece de mais importante. As pessoas assistem novelas, programas de TV, filmes, Reality Shows, jornais e diversos outros "gêneros" televisivos. Com isso, todas elas trocam opiniões e comentam o tempo todo sobre esses determinados assuntos.
             Reality Shows são exemplos de como um individuo muda de opinião. Devido os comentários feitos
pela maioria sobre tal programa e consequentemente dos candidatos que o participam,  as pessoas tendem a mudar suas opiniões sobre o Reality.

            Para Sanderson Sousa, 15, fã do Reality Show Big Brother Brasil da TV Globo, seu candidato muda de acordo com  a opinião da maioria, ou do que sai na mídia. Mesmo torcendo para outro candidato, ele prefere não expor seu favorito para não gerar controversas. Isso faz lembrar a hipótese do  "efeito da terceira pessoa" de W. P. Davison:

"Constata-se que as pessoas raramente admitem efeitos da mídia sobre si mesmas, mas reconhecem que esses efeitos existem sobre as demais pessoas. Essa percepção geral dos efeitos "sobre os demais" se acentua quando se trata de uma alteração de representação ou de comportamento percebida pelo entrevistado como negativa"

        A opinião de cada indivíduo é de grande importância para alguém ou para a sociedade, por isso não se deve retrair diante de nenhum assunto, pois opiniões geram opiniões, mudam opiniões, criam opiniões. Não deixe que a mídia se torne o fator mais importante para gerar suas opiniões, busque outros meios de fonte, pense mais, fale mais. Assista todos os tipos de programa se preferir, mas adquira apenas o que for de relevante para si.

Erikison Amaral 
3° Semestre - Comunicação Social/Jornalismo

Entendendo a Espiral do Silêncio

No texto em questão abordaremos algumas questões sobre a hipótese da “Espiral do Silêncio”. A análise dessa hipótese será feita a partir do medo que alguns indivíduos têm de estarem solitários em seus comportamentos e opiniões. Esse silêncio é possível, pois as pessoas têm todos os recursos para saberem e conhecerem qual é a opinião dominante, sendo essa, na maioria das vezes determinada pelos meios de comunicação. Com isso, é possível que haja uma tendência ao silêncio, pois o indivíduo, por medo de isolamento opta por não manifestar sua opinião quando ela é minoritária.Nesse mesmo contexto, a ideia de espiral busca deixar claro a dimensão progressiva da tendência ao silêncio. Quando alguns indivíduos discordam de uma opinião, e se calam devido ao fato de suas opiniões serem minoritária, a tendência é que a opinião que já era minoritária se torne ainda mais minoritária, e com isso a inclinação ao silêncio será ainda maior. E, os que insistem em dar suas opiniões mesmo que elas sejam minoritárias, se encontrarão isolados, não encontrando quem lhes apoie.
Um dos requisitos para que exista a “espiral do silêncio” é a abordagem dos mesmos fatos através de diferentes meios de comunicação.A ideia central dessa hipótese, como já vimos, se trata de um acontecimento que dá aos meios de comunicação uma prerrogativa de construção e determinação da opinião que se deve ter sobre os fatos. A “espiral do silêncio” não se limita a apontar uma coincidência temática entre a mídia e o público, mas se desvia da hipótese de que os meios de comunicação se limitam a impor assuntos sobre os quais se deve falar, mas determina o que falar sobre esses assuntos também.
Assim, é necessário que exista uma opinião dominante para que o processo da espiral possa crescer. Da mesma forma, é necessário que haja o medo de isolamento por meio dos indivíduos que discordam da opinião dominante, e é preciso que esses indivíduos também conheçam a opinião dominantes, para que dessa forma, possam afrontá-la com a própria opinião. No entanto, conhecer a opinião dominante é o ponto central dessa hipótese, mas talvez, o mais difícil.
O estudioso Habermas analisa a existência de uma dupla conotação, são elas: a opinião como ponto de vista, sendo essa sem a comprovação da verdade, e a opinião como reputação, sendo essa mutável por um grupo. Outros sociólogos como Stoetzel, afirmam que “a opinião pública é uma expressão da linguagem vulgar, e não é seguro que corresponda a alguma realidade cuja estrutura se possa definir ou cujas fronteiras se possa delimitar. ” Já Bourdieu afirma que as sondagens de opinião partem de três processos, sendo eles: o fato de todos terem uma opinião formada sobre determinados assuntos, também parte do pressuposto que todas as opiniões emitidas pelos indivíduos partem da composição da opinião pública. E por fim, o fato de os mesmos assuntos serem falados a todos pressupõe um acordo sobre o mesmo.O termo “opinião pública” continua sendo utilizado, mas a sua noção não está livre de contendas entre os partidários de efeitos limitados e de superefeitos.
Existem três hipóteses que admitem a percepção da opinião dos demais por parte dos indivíduos. São elas: a “percepção do olho de vidro”, na qual muitas pessoas afirmam que suas opiniões são as mesmas da maioria; a “projeção dissonante”, na qual os indivíduos cedem as pressões sociais quando questionados sobre temas nos quais a suas verdadeiras opiniões são distintas das opiniões majoritárias. Mas essas hipóteses não fornecem a espiral uma explicação acabada.
Na “espiral do silêncio” existem as fontes, as quais o estudioso Noelle-Neumann atribui a mesma importância. Essas fontes são divididas em diretas, que propõe a tendência ao silêncio, quando a opinião majoritária se difere da opinião pessoal, e fontes indiretas, que destacam a importância da opinião pública nas atitudes e comportamentos individuais. Para Noelle, o medo de isolamento é comprovado. E para que esse isolamento possa ser evitado, é necessário que se conheça a opinião dominante. Poucos indivíduos confiam em si quando são confrontados com a opinião externa. No entanto, o medo do isolamento se manifesta de maneira diferente em cada indivíduo, com isso entendemos que nem sempre os indivíduos que possuem a opinião minoritária se calarão. Um dos motivos para que isso aconteça, é a competência para abordar os temas em discussão. Mesmo na discussão de assuntos políticos, além da opinião midiática, há a influência da manifestação pública, e essa competência na abordagem do tema é um dos motivos para que haja essa influência.
A recepção dos meios de comunicação se dá de forma intensa em todos os níveis. Mas, os indivíduos que ocupam os níveis socioeconômicos mais altos têm um conhecimento e uma absorção das informações sempre superiores aos indivíduos de níveis inferiores. Com isso, esses meios de comunicação são um dos responsáveis da reprodução das desigualdades culturais. Essa é a hipótese do Knowledge Gap. Dessa forma, concluímos que 
“a hipótese da espiral do silêncio, que imputa ao medo do isolamento a disposição para sustentar uma opinião em público, também é tributária da competência específica do receptor, da posição social que ocupa, do custo social próprio a tomada de posição discriminante e da legitimidade social específica. ”

Larissa Becker
3º Semestre – Comunicação Social/ Jornalismo